segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Novos sabores, novos lugares, novas experiências... ou não

Almoço de dia das mães na casa de Tia Livinha e Tio Rodolfo que na verdade não são meus tios, mas os considero demais. Adoro vir aqui. O clima de família, o ambiente leve, a energia que Tio Rodolfo passa com sua paz e seu equilíbrio. O controle sobre tudo que está se passando e o envolvimento da Tia Livinha com cada um dos presentes. Você sente o amor no ar, como bem disse Clarissa, neta deles e com quem estava conversando nesse almoço, mais um dos vários que faço questão de comparecer sempre que estou em Salvador.

E conversando na mesa onde estava comendo uma maravilhosa salada com molho de yogurte e gengibre, surgiu o assunto de experimentar sabores, lugares, culturas e claro, minha viagem acaba aflorando na conversa que se transforma num debate sobre experimentação.

Conhecimento, crescimento, evolução, só surgem com experimentação, mesmo que seja uma experimentação ao acaso. Estar sempre buscando um sabor novo e não ficar só repetindo os maravilhosos sabores que já conhece é como ficar viajando pra cidades e países diferentes, ao invés de estar sempre indo pro mesmo país, pra mesma cidade, simplesmente porque foi o que mais te agradou e, mesmo que tenha que repetir um país ou cidade, buscar cidades diferentes dentro da mesma cidade, caso contrário pode perder a oportunidade de desvendar e conhecer coisas novas que podem até ser piores ou melhores que a anterior, mas ao menos você experimentou e agora sabe.

Isso acontecia frequentemente na minha viagem pelo mundo, pois encontrava uma cidade deliciosa, aconchegante, com ritmo, vida noturna e diurna, aproveitava cada instante e ficava tentado a ficar ali mais tempo, mas... e a próxima cidade, o próximo país? Poderiam ser tanto ou mais interessante que o que estava e mesmo que não fosse ao menos eu teria experimentado e como dizia Thomas Edison depois da milésima tentativa de criar a lâmpada elétrica: ao menos já descobri 1000 maneiras de como não fazer.

Eu descobria lugares que muitas vezes eram até interessantes, mas que não tinham a energia que eu buscava naquele momento.

A tentação de sempre pedir os mesmos sabores, de fazer as mesmas coisas, ir aos mesmos locais e cidades, de ficar em um determinado lugar que te agradou vem da eterna preguiça que nosso cérebro tem em trabalhar, ele tende sempre a buscar a zona de conforto, onde ele já está acostumado com todas as sensações e prazeres e assim se sente “em casa”, não precisa ficar buscando interpretações para cada coisa nova que vai acontecendo, para cada hábito novo que surge em seu caminho, para cada comportamento que inicialmente ele acha estranho e exótico, para cada sabor inicialmente bizarro. Assim nós nos deixamos controlar pelo nosso cérebro que nada mais é que mais um órgão do nosso corpo e que não é o que somos na verdade.
Afinal somos muito mais que apenas um órgão de nosso corpo, independente de sua importância.
Não somos apenas um coração, um fígado ou muito menos somente nosso cérebro.

2 comentários:

maespm disse...

Concordo 100% com o seu texto, Fred. Gostei muito!
Beijo

Maria Elvira disse...

Opa, o comentário anterior foi meu, eu coloquei o meu login ao inves do nome! rs