domingo, 17 de janeiro de 2010

Vida em Pausa

Acordei e não tinha nenhuma nova notícia. Apenas a eterna repetição das mesmas dos últimos dias, meses, anos... Não que isso seja muito diferente do que acontece o ano inteiro, pois se pegarmos uma edição do JN de 1995, 1987, 1979 ou qualquer outro ano, quase nada se altera. Mas nessa época do ano a coisa piora muito !!

Para os aficcionados por esporte, não temos futebol – apenas aqueles jogos de confraternização dos Amigos do Locha X Amigos do Sunda e alguns jogos beneficentes. Estranho os jogadores, passam o ano todo jogando futebol e nas férias fazem o quê? Jogam futebol.

Não temos F1, porque os pilotos, como estrelas que são, parecem os políticos brasileiros, como estrelas que acham que são, e tiram ao menos três meses de férias por ano.

Não temos vôlei. Se bem que ultimamente tem sido um “marasmo” de vitórias tão grande que assistimos apenas pra tentar descobrir quando uma de nossas seleções vai deixar de ganhar algo.

Não há tênis. Não há basquete. Não há NFL que é igual à competição de revezamento: todo ano, ou quase, um time diferente ganha ou, de ciclo em ciclo, algum time que “inexistia” aparece vencendo - com exceção do Detroit Lions que ninguém sabe mesmo o que faz ali. Se bem que pensando melhor, pra nós brasileiros, esses últimos esportes não existem mesmo já que o que conta de verdade é o futebol, a F-1 e o vôlei.

Então, o que a mídia faz nesse período é mostrar os melhores momentos, melhores jogos, melhores resumos, melhores comentários, retrospectivas e o cacete-a-quatro. E reprise sabe como é né? A melhor definição é a nossa resposta ao comentário feito pela maioria das mulheres quando temos algum compromisso na hora do jogo e elas nos dizem pra gravar e assistir depois. Porra!!! Depois? Reprise de evento esportivo é pior que transar de camisinha. E pra complementar a desgraça os canais, sites e jornais de esporte não tem do que falar e ficam inventando boatos de negociações entre clubes e jogadores porque os chefes de redação tem que encher as páginas e forçam a molecada nova a correr atrás de transformar nada em “informações”.

Já para os que gostam de séries, todas entram em férias e temos que nos contentar com reprises e maratonas dos episódios anteriores que os departamentos de marketing dos canais tentam valorizar ao máximo mesmo sabendo que os que gostam mesmo e querem ver de novo certos episódios ou montar uma maratona com os amigos, baixam tudo na web.

Para os que gostam de novelas – que saudade do Opash !! – as grades ficam tão doidas com o horário de verão que na Bahia, por exemplo, o JN entra antes da novela das sete e tem dia que a novela das nove começa às onze da noite e pra piorar só mostram as festas de Natal e Ano Novo, nada mais acontece, porque ninguém tá assistindo mesmo !!!

Pra quem gosta de rir só fica o Zorra Total que, infelizmente, não sai de férias... Desculpe. Eu falei pra quem gosta de rir, então esse não vale. Mas o CQC entra em recesso, afinal a fonte das piadas deles também “recessou”.

Os teatros param. O cinema só tem filmes infantis.

Me sinto nesse período de fim de ano como devem se sentir na semana de carnaval as pessoas que não curtem a folia, ou seja, condenado a fazer o que todos fazem por pura falta de opção ou para não ser qualificado de anti-social !!! Graças a Deus ainda temos os espaços culturais isso e os centros culturais aquilo que acabam nos salvando um pouco.

Não temos outra escapatória, a não ser mergulhar num livro, fugir prum sítio, entrar prum monastério tibetano, ir prum Ashram na Índia. Acabamos sendo forçados a pensar, discutir, refletir, conversar, a estar mais tempo com nós mesmos e junto com a família e com os amigos que nunca vemos por pura falta de tempo...

Então, será que a vida pára ou será que ela entra em pausa nesse período?

Ou ao contrário: será que na verdade esse é o único período no qual realmente vivemos e temos tempo pra compartilhar?

2 comentários:

Unknown disse...

Teve um terremoto na Argentina hoje

João Arthur disse...

Viva a falta de opções de lazer.
Opções que nunca ajudaram em nada (ou quase nada). Cinema e teatro salvam.