terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sei lá...

Andando por aí me pego assoviando a música de Toquinho e Vinícius, ouço pessoas cantarolando, rádios tocando, chego em casa e dou de cara com a TV passando a novela e tenho que admitir que Toquinho, Vinícius, Buda, Krishna, Jesus, Kardec “tem sempre razão” pois a vida é Maya.

Algumas vezes as pessoas consideram o conceito de "maya" niilista*, porque supõem que ele signifique que tudo é totalmente irreal e, portanto, sem valor. Mas a natureza essencial de uma ilusão é que ela, na verdade, aparenta ser totalmente real; tem de ser convincente ou não poderá ser chamada de ilusão, e essa ilusão tenta levar Buda para o “dark side of the force”.

Poizentão: se tudo é uma grande ilusão, porque nos apegamos tanto a essa “matrix”? Se tudo não é nada mais nada menos que a maneira que nossos cinco limitados sentidos percebem as coisas em volta, então porque nos apegamos tanto? Porque precisamos preencher esses sentidos, desde os mais básicos aos mais fúteis, já dizia Maslow.

A Kabala por exemplo, diz que não captamos nem 1% do que existe a nossa volta, que os laços que interligam todos nós com todo o universo são invisíveis e infinitos, e que estamos todos interrelacionados, interligados, que os karmas nos amarram cada vez mais uns aos outros e os outros aos uns....e mesmo assim nos apegamos.

Creio que nos apegamos a essa vida, a esse mundo, como o homem que está se afogando tenta se agarrar de qualquer forma a qualquer coisa que bóie e possa lhe manter em contato com o que ele conhece. Ou talvez nos apeguemos a tudo aqui apenas por medo do desconhecido. Ou não... Daí o apego a zona de conforto e ao status quo sejam as coisas que as pessoas mais prezam.

Sei lá.

Só sei que eles* estão com a razão.

*Buda, Krishna, Jesus, Kardec, Sai baba, Vinícius....

*Niilismo (do latim nihil, "nada") é uma doutrina filosófica e política baseada na negação seja da ordem social estabelecida, seja de todas as formas de esteticismo, assim como na defesa do utilitarismo e do racionalismo científico. Influenciado pelas idéias de Feuerbach, Darwin, Nietzsche, Henry Buckle e Herbert Spencer, o niilismo surgiu na Rússia czarista do século XIX. Segundo Martin Heidegger, o termo foi empregado pela primeira vez em 1799, pelo filósofo alemão Friedrich Heinrich Jacobi. Mais tarde, o romancista russo Ivan Turgueniev o empregou para designar a concepção que, afirmando a existência apenas do que é perceptível pelos sentidos, negava tudo o que se fundamenta na tradição e na autoridade.

3 comentários:

deltafrut@uol.com.br disse...

Seus textos são muito bons Fred. Expressam a visão de quem ja viu e sentiu muita coisa, de quem ja andou por aí, de quem tem recheio...o que acontece é que cada vez mais as pessoas tem menos tempo e saco pra qualquer coisa que não seja o próprio umbigo, é muita informação permeada por interesses diversos e possibilidades reais extremamente disputadas. Novos tempos, velhas dicotomias!

Blog da Rô Cabral disse...

Introspectivo, reflexivo, intimista e ao mesmo tempo razão e emoção.

Na verdade, senti como se a pergunta ficasse no ar.

Estou lendo um livro chamado Mestre dos Mestres de Augusto Cury, que é tão questionador quanto tua publicação.Preciso de mais subsídios para fazer uma alestra sobre Jesus. E lendo tua publicação ... sei lá... o que vou falar...

E por isso é que muitas vezes me pego também pontuando argumentos e arrematando com um - Sei lá...
É amigo... em muitos momentos o niilismo entra em cena.

Kleber Rebouças disse...

A vida tem sentido? Não sei. A minha experiência me leva a crer que não. Me perguntam: "Por que vives, então?". Respondo: "Porque menos sentido encontro na morte!"