segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Válvula de Escape


Acompanho futebol desde pequeno, afinal sou um moleque brasileiro e, desde que nascemos, ou mesmo antes, já estamos predestinados a torcer para o time de futebol do pai, do tio, da família ou de qualquer um que tenha o poder de influenciar sua "escolha".

A primeira vez que fui ao Maracanã tinha 3 anos e, claro, me apaixonei. Me desapaixonei quando perdemos a Copa na França em 1998, mas já vinha perdendo o tesão desde a derrota de 1986 pra mesma França. Continuo gostando de acompanhar e torço pro Flamengo mas, quanto mais o tempo passa mais torço por um espetáculo bonito. Gosto do futebol bem jogado mas também gosto de observar o comportamento da torcida da mesma maneira que observo os povos e as culturas dos lugares por onde passo.

O mais interessante do futebol é que se o seu time ganha, você ganha um alvará pra sacanear todos os seus amigos, colegas e "adversários". Se seu time perde você é subitamente diplomado em história do futebol e passa a se lembrar de todos os títulos do passado e jogos onde bateu seu momentâneo algoz e, se seu time não tem um passado de glórias você resgata um passado de cultura, tradição ou qualquer outra asneira para defender sua escolha. E o mais grave ainda: você tem o disparate de se apossar da vitória de um grupo de pessoas que em comum só tem as cores do uniforme que vestem, assumindo como sua e espalhando aos quatro ventos que você fez a escolha certa, que você é melhor que o outro porque sua escolha foi melhor do que a dele, como duas crianças que discutem: eu acerte-ei, você erro-ou. Eu tenho, você não te-em. É panes et circences. É a momentânea satisfação de, ao menos naquele instante, você se sentir compensado pelas suas péssimas escolhas, pelas escolhas errôneas e até pela falta de escolha que teve na vida. Ao menos nesse dia tão efêmero... Eu tenho razão. Eu fiz a escolha certa.