domingo, 27 de novembro de 2011

A explicitude do explicitismo explícito não pode ser explicitada pela explicitação explícita da explicitez

Quando estava estudando e fazendo alguns concursos, me deparei com textos para serem interpretados nas provas de português e questionava que, se interpretar é subjetivo, tanto que existem técnicas para isso – hermenêutica - e, até mesmo o cartunista Jaguar errou ao interpretar um cartoon seu que foi usado como questão em prova recente do Enem, o escritor Mario Prata fez provas de interpretação de seus textos e não passou em nenhuma e, apesar de eu não ter conseguido localizar, dizem que o mesmo aconteceu com o Oswaldo Montenegro e com João Ubaldo Ribeiro que também já tentaram responder a várias questões de interpretação sobre seus textos e erraram com freqüência, pergunto: como o conhecimento de um texto pode ser avaliado em um concurso ou prova através de questões de interpretação de texto decidido unilateralmente por um grupo de pessoas e que por terem um histórico de vida e experiências diferentes tanto do autor do texto quanto do candidato que faz o exame, tenta impor seu ponto de vista de maneira autoritária e como citei anteriormente, diferente do próprio autor?

Qualquer questão de interpretação de textos deveria requerer uma resposta discursiva, aberta, onde o examinado colocaria sua opinião que, por mais “louca” que fosse, estando apoiada numa base explicativa lógica, independentemente se faz sentido ou não para quem lê, mas dentro de um raciocínio lógico e que em determinados casos poderia parecer sem sentido, seria aprovada; ou então os organizadores deveriam consultar o autor sobre qual a resposta mais apropriada entre as que estão sendo propostas pelos organizadores, o que no fundo também creio que não seria justo pois, como escritor bissexto que sou, depois que publico meus pensamentos e impressões eles deixam de ser meus e estão abertos a qualquer tipo de interpretação, tanto que recebo os mais variados comentários além do que dependendo do momento que estou passando em minha vida interpreto de maneiras distintas textos que eu mesmo escrevi. O que prova que a melhor opção é a que descrevo no início deste parágrafo

Temos ainda os extratos de textos que, como extrato, pode ter um sentido totalmente diferente de um texto interpretado como parte de um capítulo ou ainda como parte de um livro inteiro. Assim, quando se interpreta um parágrafo extraído, ele pode levar a conclusões completamente alheias a intenção inicial. Temos visto exemplos nas discussões do STF sobre a constitucionalidade de algumas leis e vemos que se a lei for interpretada por si só ela estaria correta, mas ao ser colocada dentro de um capítulo da constituição essa mesma lei pode ter uma outra interpretação e aumentando ainda mais o olhar sobre essa lei e analisando-a sob a constituição por completo, ela pode ser totalmente inconstitucional.

Essas interpretações fora do contexto são bastante perigosas. Não gosto daquela frase que diz pra nos colocarmos no lugar da pessoa.. Meu Deus, a física diz que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço! Como eu vou me colocar no lugar de alguém? Não conheço a história dela, os valores, o que ela sente e vive. Não dá pra agir por outra pessoa. Não é para ser indiferente, mas... se colocar no lugar? Muitas vezes passamos pelo mesmo momento, observamos a mesma situação ao lado de uma pessoa com a qual convivemos há anos e, se a perguntarmos sobre suas impressões sobre aquele fato ou momento é muito provável que essa pessoa descreva a situação de uma maneira bem distinta da sua.

Então...cuidado com a maneira que você interpreta uma situação, uma ato, um texto, pois tudo depende do contexto, do momento e a qual plano ele está subordinado, além de depender também da sua formação, do momento que você vive e da cultura onde está inserido.

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