Ipanema, Rio, maio de 2009
Dentro de mim não é um bom lugar pra viver.
Li essa frase em um poema de Maria Rezende.
Estava andando pelo calçadão de Ipanema. Parei pra assistir o treino da filha da Isabel do vôlei. Sentei na calçada, de frente pro mar e com o olhar perdido no horizonte, entre um saque e uma cortada comecei a pensar......na substituição dos que passaram, na renovação da vida, na reciclagem de comportamento, em como as gerações se vão e outras as substituem, em como nós nos substituímos...
Se dentro de mim não é mais um bom lugar pra se viver, o que faço?
Pra onde levo minhas coisas, minhas experiências, tudo que aprendi nesses anos de vida?
Pra onde vou?
Pra outro corpo? Como?
É fisicamente impossível, mas por incrível que pareça é espiritualmente viável.
Como?
Renascendo, se reinventando. Reconstruindo a vida, indo em busca de novos caminhos.
Creio que a cada ciclo que terminamos ou que sentimos terminado, que esgotamos, temos que nos reinventar. Talvez esse período que passei viajando tenha sido uma reinvenção da minha vida, ou um resgate. Talvez esse período pós viagem tenha sido uma continua busca de uma maneira de retornar a um modelo antigo, uma vida que não existe mais e que por estar insistindo tanto eu esteja com um sentimento de que não dá mais pra viver dentro de mim, e então tenho que buscar saídas.
E a saída é o suicídio.
Não..... Não o suicídio físico, onde se dá fim a esse corpo, mas o suicídio de uma maneira de viver.
Deixamos de viver uma vida de uma maneira e buscamos alternativas, outras que nos sejam mais interessantes, desafiadoras ou mesmo mais cômodas. Saímos de uma pequena cidade e vamos estudar na grande. Terminamos a facul e encontramos emprego em outro Estado. Somos promovidos e mudamos de país. Casamos e temos filhos e mudamos completamente nosso estilo de vida. Pedimos demissão, somos demitidos ou mudamos de carreira. Fazemos outra facul. Nos separamos.
Em cada mudança, em cada passagem deixamos muito pra trás e recomeçamos tudo de novo.
Já fiz isso algumas vezes. Algumas compulsoriamente, pois quando tinha 14 anos nos mudamos para o Rio e deixei todos os amigos pra trás, a escola, o clube, e mudei minha vida. Mais tarde tranquei a facul e fui morar na Europa. Voltei e meus amigos, minha cabeça, minha vida era outra. Me casei, investi na carreira e mudei minha vida. Me separei, viajei pelo mundo e mudei minha vida. Creio que agora está na hora de novamente eu ser um bom lugar preu viver....de mudar minha vida.
Renascer.
sábado, 6 de junho de 2009
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5 comentários:
Perfeito! é isso mesmo!!! Beijos, Lis
Fred,
Quando tá chato dentro de mim...me reinvento também.
Abraços,
Karina K (olhaqueuachei.com.br)
Puxa, que legal o modo de vc pensar!
Temos sempre que nos reinventar, quando se tá difícil,o viável é que se mude!
Beijosssss
**Interessantíssimo!**
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