quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Terráqueos

Andando por aí, adoro observar o trabalho das formigas, principalmente as cortadeiras. E aqui pelo nordeste elas proliferam...quanto mais quente e úmido o clima mais elas se espalham. Adoro observar os insetos, sua organização, seu modo de viver...

Falando em formigas, insetos os quais admiro muito, elas estão nesse planeta há 100 milhões de anos, mantém sua organização, seu equilíbrio, se comunicação por feromônios – o que demonstra que, de uma certa maneira são uma espécie inteligente, algumas até se unem como uma pequena balsa para atravessar córregos e pequenos camihos de água. Emendando o pensamento, lembro das baleias que vivem na Terra há 50 milhões de anos em perfeito equilíbrio e também se comunicam entre elas. E lembro de que nós surgimos há “somente” três milhões de anos e entramos de sola !!! E olha que apenas há 6000 anos inventamos a escrita, que foi o primeiro passo pra essa evolução que começamos a atingir nos últimos 300 anos com a revolução industrial e no fim do século XX com a revolução da comunicação através da informática e tudo isso sem nenhuma preocupação até o momento, estamos apenas usando o que o planeta nos oferece e esquecendo que isso aqui é uma biosfera fechada e finita.
É como se a Terra fosse uma nave viajando pelo espaço, carregando bilhões de DNA´s diferentes em direção a não-sei-onde e com fontes limitadas.

Quem nos deu o direito de assumir que somos a raça superior nesse planeta? Quem nos fez acreditar nessa inverdade e manter por alguns milênios a posição de nós somos a raça escolhida? Porque, mesmo passados séculos de descobertas, ainda nos sentimos o centro do universo?

Se o Universo tivesse surgido há 24 horas nós estaríamos aqui há apenas 2 minutos. E nesses 2 minutos já causamos mais estragos no planeta do que todas as espécies que viveram aqui antes. Quem disse que somos mais inteligentes que as outras espécies, que sempre viveram em equilíbrio até que nós chegássemos e “bagunçássemos o coreto” com a nossa ambição de “melhorar” o ambiente onde vivemos.
O problema é que da mesma maneira que os colonizadores se achavam melhores e mais espertos que as civilizações “inferiores” que descobriam e dominavam, apenas porque tinham mais poderio bélico, nos impomos sobre as outras espécies como se nossa maneira de “ver” o mundo fosse a mais certa.
Cada ser, cada espécie tem uma maneira diferente e própria de enxergar o mundo e interagir com ele e não existe uma mais certa que a outra, são apenas diferentes. Nem melhores nem piores. E temos muito que aprender com todas elas e não simplesmente usar os “seres inferiores” para nos servirem.

E me questiono: quem são os terráqueos? Não são TODOS os habitantes desse planetinha?

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

40 minutos do segundo tempo

Creio que a maioria das pessoas já foi ao menos uma vez ao estádio curtir uma partida de futebol e mesmo os que nunca foram já devem ter assistido algum jogo na televisão e reparado que muitos torcedores, independentemente do resultado da partida, começam a sair do jogo por volta dos 35, 40 minutos do segundo tempo. A justificativa em geral é a de que não querem enfrentar o tumulto da saída do estádio, a desorganização do estacionamento, o trânsito engarrafado ou mesmo ônibus ou vagões lotados no metrô.

Com essas desculpas perdem os cinco minutos finais de uma partida que pode sofrer uma reviravolta importante, pois afinal, futebol é futebol e já tive grandes emoções nesses minutos finais, como gols de virada, golaços de título, que o diga o Rondinelli em 78 e o Pet em 2001 entre outros fatos fantásticos como o último minuto de Croácia x Turquia na Eurocopa de 2008.

A idéia não é discutir futebol, mas sim o quanto deixamos de aproveitar situações em nossas vidas simplesmente porque temos medo de algo acontecer fora do nosso controle ou de dar errado e por esse receio corremos pra porta de saída antes da festa acabar, antes do jogo terminar com medo do “tumulto” que isso possa causar e criamos várias desculpas para explicar porque deixamos de curtir momentos que poderiam ter se tornado importantes e relevantes em nossas vidas, e assim não nos envolvemos plenamente numa relação por medo que ela dê errado e acabamos criando uma profecia auto-realizável, isto é, quanto mais acreditamos na possibilidade de algo acontecer, mais podemos influenciar no seu acontecimento e o que mais temíamos acaba acontecendo.

Muitas vezes ajo dessa maneira, mas tenho aprendido a esperar o jogo ir até seu final e depois espero a grande massa de torcedores sair, os tumultos se dispersarem, o metrô tranquilizar e saio, satisfeito por ter aproveitado a partida até o final, mesmo que o resultado não tenha se alterado nesses últimos minutos, mesmo que o resultado final não tenha sido o que esperava, mas ao menos fiquei ali, me envolvendo, torcendo e tentando aproveitar cada minuto desse “jogo”

terça-feira, 3 de novembro de 2009

A raça pura ou a raça puta?

Andando por aí me deparo com a “pureza” da raça alemã, dos vikings escandinavos, do típico estereótipo de um francês, a branqueza dos arianos britânicos, a "amarelizidade" dos japoneses ou ainda a negritude azulada dos africanos e me vem uma pergunta? Porque algumas culturas tem sempre que querer definir a superioridade de uma raça por um simples detalhe que é a cor da pele? Definir a superioridade de um grupo, de uma religião, de um sistema político, de uma linha de pensamento, sobre outro?

Krishnamurti diz em seu livro A Educação e o Significado da Vida que “...as crenças, as ideologias e as religiões organizadas nos põem contra nossos semelhantes; há conflitos não somente entre comunidades diferentes como também dentro da mesma comunidade...” e continua... “Há também a questão do patriotismo. O Patriotismo não é evidentemente uma emoção natural. Somos diligentementes estimulados a ser patriotas pelos meios que nos incitam ao egoísmo racial e pelo ensino que nossa maneira de viver é melhor que a dos outros.”

Apesar de nossa libertinagem pós ditadura militar, onde mesmo o que era bom e funcionava foi negado ao extremo – que na verdade é um comportamento humano normal, pois quando vivemos sob o jugo de uma filosofia, idéia ou religião imposta e nos libertamos tendemos a negar e corremos para o lado oposto - no nosso caso ainda estamos buscando o equilíbrio de nossa jovem democracia e de nossa jovem liberdade. Mas quanto às raças somos o país mais democrático que existe. Nos misturamos, tentamos nos aceitar – menos os corintianos e os palmeirenses e os flamenguistas e vascaínos – e avançamos, e talvez por isso mesmo por essa grande mistura estejamos criando a raça mais “impura” possível, onde nosso DNA carrega um pouco de cada cor, de cada raça e comportamento do planeta, vemos isso pela valorização do passaporte brasileiro no mercado negro, já que qualquer um pode ter a cara de um brasileiro.

Afinal, qual a cara do brasileiro ? Todas e nenhuma. Se por acaso surgir um vírus que ataque todas as raças que se dizem puras, o que sobrará? A raça puta, aquela onde todos os sistemas de defesa se misturaram, onde todos os DNA´s se mesclaram...não é isso uma das teses de defesa da evolução humana, da seleção natural defendida por Darwin. Aquele que mais se adapta ao ambiente é o que sobrevive???

É... certos estavam os portugueses que "pegavam" todas e nos legaram essa herança, essa raça linda, gingada, saudável, livre, leve, solta, deliciosa e sem identidade definida, sem um perfil padrão. A nossa raça brasileira.