quinta-feira, 25 de junho de 2009

Passageiro, Motorista e Trocador.

Floripa, 18 de abril de 2008

Estou em Floripa mais uma vez. Depois de ter vivido aqui por três anos e meio, curtido as praias – nem todas, afinal são 42 e acabamos elegendo as que mais gostamos – curtido as baladas – na verdade ficava mais pelo “centrinho” da Lagoa da Conceição onde morava e onde estão concentrados a maioria dos bares e danceterias da cidade – curtido os restaurantes mais gostosos e escondidos, como um no Pântano do Sul, uma praia linda e tranqüila no sul da ilha que tem um restaurante famosíssimo mas que esconde um bem simples, caseiro e delicioso, do qual não consigo lembrar o nome, no cantinho esquerdo da praia e curtido também os que existem em Santo Antonio de Lisboa e ao lado em Sambaqui, ou ainda pegar uma “baleeira”, que nada mais é que uma pequena traineira ou “poc poc” como chamam no nordeste, por aproximadamente meia hora e cruzar a Lagoa da Conceição quase toda para comer no Cabral, ou passar uma tarde de inverno num dos cafés espalhados pela cidade, desfrutando de um bom papo com os amigos...enfim...soube aproveitar bem meu período por aqui, e agora voltei pra abrir minha exposição de fotos sobre a viagem no recém inaugurado Floripa Shopping.

Estou hospedado na casa/escritório de dois ex estagiários meus da época em que era Diretor Comercial da Macedo e como não tenho pressa de chegar aos lugares tenho tomado ônibus para me deslocar para a exposição, para as entrevistas na RBS e mesmo pra rever locais que adorava e visitar amigos.

Nessas idas e vindas da minha vida, nessa volta momentânea a Floripa, nesses reencontros fugazes com pessoas que foram muito importantes no período em que vivi aqui, pessoas que estavam presentes no meu dia a dia, que partilhavam vitórias e derrotas, alegrias e tristezas, pessoas com quem passava o dia na praia em um bom jogo de frescobol, com quem desfrutava horas de conversa nos cafés do Postinho na Lagoa, com quem saia na noite ou simplesmente encontrava nas baladas, com quem me relacionei intimamente e me envolvi emocionalmente e que hoje fazem parte sim da minha vida ainda, mas de uma maneira mais distante, como pessoas que em algum momento compartilharam momentos dessa minha curta existência, entendo o quanto somos apenas passageiros por aqui. Nós e todos que passam em nossas vidas. Passageiros em dois sentidos: no sentido de estarmos passando e passageiros no sentido que não somos nós que controlamos.
Tentamos conduzir nossas vidas, fazemos planos, vislumbramos nossos objetivos, construímos um caminho, mas não somos nós que controlamos.

Tinha um objetivo, um plano, um desejo e de repente tudo mudou...afinal quem é o motorista? Eu mesmo? EU conduzo minha vida, por estradas que EU construo ou será que sou um mero passageiro nessa história toda, passando por experiências que me farão crescer e entender um pouco mais a razão dessa existência ?
Me responda: o que você acha que acontece ? Somos passageiros ou motoristas? Ou somos os dois, sendo que em determinados momentos um e em determinados momentos outro? Ou será que somos apenas trocadores, observando quem passa e nos deixando levar por um outro alguém que conduz?

sábado, 6 de junho de 2009

Suicídio ?

Ipanema, Rio, maio de 2009

Dentro de mim não é um bom lugar pra viver.
Li essa frase em um poema de Maria Rezende.
Estava andando pelo calçadão de Ipanema. Parei pra assistir o treino da filha da Isabel do vôlei. Sentei na calçada, de frente pro mar e com o olhar perdido no horizonte, entre um saque e uma cortada comecei a pensar......na substituição dos que passaram, na renovação da vida, na reciclagem de comportamento, em como as gerações se vão e outras as substituem, em como nós nos substituímos...

Se dentro de mim não é mais um bom lugar pra se viver, o que faço?
Pra onde levo minhas coisas, minhas experiências, tudo que aprendi nesses anos de vida?
Pra onde vou?
Pra outro corpo? Como?
É fisicamente impossível, mas por incrível que pareça é espiritualmente viável.
Como?

Renascendo, se reinventando. Reconstruindo a vida, indo em busca de novos caminhos.
Creio que a cada ciclo que terminamos ou que sentimos terminado, que esgotamos, temos que nos reinventar. Talvez esse período que passei viajando tenha sido uma reinvenção da minha vida, ou um resgate. Talvez esse período pós viagem tenha sido uma continua busca de uma maneira de retornar a um modelo antigo, uma vida que não existe mais e que por estar insistindo tanto eu esteja com um sentimento de que não dá mais pra viver dentro de mim, e então tenho que buscar saídas.
E a saída é o suicídio.

Não..... Não o suicídio físico, onde se dá fim a esse corpo, mas o suicídio de uma maneira de viver.

Deixamos de viver uma vida de uma maneira e buscamos alternativas, outras que nos sejam mais interessantes, desafiadoras ou mesmo mais cômodas. Saímos de uma pequena cidade e vamos estudar na grande. Terminamos a facul e encontramos emprego em outro Estado. Somos promovidos e mudamos de país. Casamos e temos filhos e mudamos completamente nosso estilo de vida. Pedimos demissão, somos demitidos ou mudamos de carreira. Fazemos outra facul. Nos separamos.
Em cada mudança, em cada passagem deixamos muito pra trás e recomeçamos tudo de novo.
Já fiz isso algumas vezes. Algumas compulsoriamente, pois quando tinha 14 anos nos mudamos para o Rio e deixei todos os amigos pra trás, a escola, o clube, e mudei minha vida. Mais tarde tranquei a facul e fui morar na Europa. Voltei e meus amigos, minha cabeça, minha vida era outra. Me casei, investi na carreira e mudei minha vida. Me separei, viajei pelo mundo e mudei minha vida. Creio que agora está na hora de novamente eu ser um bom lugar preu viver....de mudar minha vida.
Renascer.